Por Rafael Iglesia
Aqui a história é curta e o espaço imenso, somos mais geográficos que históricos. Vastidão é nosso meio ambiente. É a paisagem que nos faz compatriotas. No rio Paraná, o horizonte, que divide o terreno do celestial, se define por uma linha grossa mais alta que uma mão levantada.
O projeto se desenvolve em quatro níveis: a entrada em contato com a rua, um espaço verde que não deixa ver o que acontece a uns metros mais abaixo; a piscina e o telhado da casa formando o maior espaço de uso e abaixo deste a casa e, em seguida, o deque sobre o nível do rio.
O pátio, entre a parede da piscina e a casa, organiza o projeto. Desde aqui se segue vendo o rio Através das paredes de vidro, uma janela com a espessura do espaço habitável que tem. Este lugar é um abrigo. Na cascata, que define um dos seus lados, a água desenvolve o seu potencial sobre os sentidos. Podemos vê-la, ouvir o ruído causado por sua queda, sentir o cheiro do orvalho sobre a relva e, fundamentalmente, sentir a mudança de temperatura.
O edifício é a estrutura, nada mais que a estrutura. Busco, como nos meus últimos trabalhos, fazer mais complexas transferências de forças, tentar complicar o caminho da gravidade, essa linha imaginária que une as coisas ao chão pelo caminho mais curto possível.
As vigas são movidas tanto invertendo-se para obter um determinado enquadramento da paisagem, ou estar presente para proteger o lugar do sol do oeste ou intervindo na escala do ambiente. As vigas não adaptadas, a partir do interior complicam a leitura da sua estabilidade, e no exterior e cruzam com o horizonte.
O edifício não tem mais linguagens que o que o sustenta, é como são nossos povos na vastidão do território: meteorito caído do céu, uma pedra deitada no campo.